terça-feira, julho 11, 2006

RELATOS
RELATO DE VIOLÊNCIA
no pior dia , na pior hora
Já passavam das dez da noite . o carro do rui estava no fundo da reserva. como se sabe cada vez há menos postos de abastecimentos abertos a essa hora na cidade então lá fomos nós por gasolina depois das amoreiras a caminho da A5.
Voltamos para trás. numa rua ali perto e por de trás da bomba estavam algumas pessoas, homens no meio da rua a falar com pessoas, outros homens que estavam dentro dos seus carros e que os mantinham ligados no meio da rua . os outros carros que ali chegassem não conseguiam passar...............................
isto não é uma história completamente irracional, não é uma história de violência pura, sem lógica, sem pensamentos ou ideias. porque todas as pessoas as têm. todas as pessoas têm justificações e são pessoas que comunicam, mas que são como são e fazem o que fazem.............................
tivemos que esperar. ........ que chatice............. as ideias vão se formando................................. as razões vão surgindo como compromisso lógico com a nossa pesonalidade e maneira de viver em paz connosco próprios................ é a vida ............... somos assim...........................................................justificamos tudo..... criamos lógicas.
eles são todos amigos. são uma data deles e pela curtíssima troca de frases que houve no minuto seguinte eles deviam estar a espera de estacionar.
eles estavam ali como se não quisessem saber de mais ninguém faltando ao respeito a quem por ali estava a passar. eram os reis. a rua era deles . o seu território. a républica que por ocupação resolveram governar . o país está na miséria , não confio neles (nos governantes) para me governarem. está tudo a aumentar. o trabalho é uma merda é tudo uma exploração. POR ISSO AQUI QUEM MANDA SOU EU .... SOMOS NÓS EU E OS MEUS.
não nos dirigiram a palavra podiamos ficar ali séculos à espera que para eles era igual. não lhes interessava. era como se não existissemos. como se nao fossemos pessoas iguais a eles. eramos ratos............. e se calhar alguns deles até têm algum interesse por ratos ou já viram algum documentário do national geographic ou parte dele. a parte em que os ratos fazem as suas casinhas ou acasalam e devem ter gostado.
o rui à sua maneira começou a raciocinar, a lógicar. que falata de respeito estes animais. estúpidos. isto não é assim..... não achou correcto. a liberdade. igualdade . quem eles pensam que são para fazer isso.
cada qual no seu mundo. sem qualquer espécie de comunicação acções são tomadas. agressivamente o rui mete o carro pelo lado e tenta para passar pelo lado do passeio onde havia espaço. estavam lá dois homens que estavam a falar com os outros dentro do carro. o rui avançou . uma pequena vingança para com a forma alarva daqueles homens se comportarem. eles começam a ver o carro a aproximar-se deles. reconhecem a ameaça, a agressividade . também sabem que é uma tomada da posição de quem quer que seja que está dentro do carro, mas eles controlam aquilo e percebem que estão em superioridade e que fisicamente não é uma ameaça (SE O FOSSE TERIAM MEDO). o rui não pára e acertalhes com o espelho retrovisor do meu lado. eu estava do lado deles. o homem sente-se agredido e com toda a energia pura que o faz acordar, comer, trabalhar e viver a sua vida levanta a mão com todas as suas forças e dispara para a minha cara.
.......... eu ........... estava ali....................... não era o meu mundo. não estava a viver o que eles e o rui estavam a viver. estar ali ou nao estar tudo se ia passar exactamente na mesma. não tinha razões não tinha lógicas. não nada....................................
estava ali............ no meu mundo .... longe de ali .. mas tão perto por sinal.................. o sague jurrou no instante seguinte a sentir uma pressão enorme sobre a minha cara.................... Fiquei tão triste..................
senti uma profunda tristeza e não tinha nada a ver com o que tinha acabado de se passar.......................................... as minhas únicas palavras com as mãos na cara a tentar impedir que o sague sujasse tudo a minha volta foram: "estou tão triste" ......... apetecia-me chorar........................ e não tinha directamente a ver com o que tinha acabado de se passar. mas aquilo foi brutal, violento e fez-me cair na violência da minha vida, na brutalidade da minha vida.
estou-me lixando para o soco que levei. sei que são daquelas coisas horríveis e sem sentido que acontecem, mas nada mais. Mas para mim teve um efeito completamente diferente do considerado normal. pelo que tinha sentido e vivido nesse dia ... (ontem)..... senti uma profunda, profunda ... profunda tristeza